O olhar esbarra em montanhas
espantado fica a olhar,
então,
tem ganas de ser máquina de tunelar
para o trânsito do olhar passar!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar
É no teu seio,
cheio,
quando,
com fome meu amor ceia
e teu amor come.
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar
As flores são comidas com olhos,
degustadas pelo nariz
quando oferecidas, aos molhos,
fazem alguém feliz!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar
À noite encho a banheira com sonhos,
com fantasias neles me lavo,
quando me levanto, de dia,
os sonhos não os acabo!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar
Se plantado, num jardim,
de pé, num canteiro,
um dia inteiro,
que diriam de mim?
qual o meu cheiro?
Ai como seria feliz
se de mim
gostasse uma amor de nariz
e não ouvir, de quem
de mim se abeire:
-"Não é flor que se cheire"
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar
Flores;
formas,
poesia nas cores
e em seus perfumes,
na troca de amores
que se tomam,
mas ausentes em ciúmes!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar
POETA BARALHADO
Cair de tarde
Fim de dia
Quantos mortos na estrada
Quanta gente soterrada
Quantas greves
Quantas manifestações para as diárias precisões?
E eu
Armado em poeta
Com alguma hipocrisia
Num final de tarde
Num entardecer
Poesia a querer fazer!
Mas as acções não sobem ao céu do Capitalismo
E há o perigo da extinção dos mecenas
E aumento de penas!
Neste quadro
O poeta fica baralhado
O poema estragado
O poeta vai protestar
Por num fim de tarde
Num entardecer
Por poesia não poder fazer
Quando em Portugal muitas casas a arder!
A solução?
Um milagre,
Mas bem cedo
Não esperar pelo fim de tarde
É que depois vem a noite!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
ORÇAMENTO Orçamento, Orçamento, Orçamento; Coisa que não nos sai da cabeça, Que nos entra nos bolsos, Sem que se lhe peça, Para pagar a quem nos andou a desgovernar, Sem que nada lhes aconteça, E ainda têm a desfaçatez, De sacrificar o povo português, Com cinto mais apertado, Mas o povo, O Zé-Ninguém, Que quase já nem cheta tem, Acha que quem manda deve ser sacrificado, Mas não, O orçamento de doutores, Entra-nos, a todo o momento, Pelos bolsos dentro, Se ainda tivermos bolsos, Se ainda andarmos vestidos, E não de tanga, Como dizia quem por Bruxelas anda. É urgente mostrar a quem manda a nossa zanga, A esses doutores, Doutores; uns estupores!* Doutores a gastar, Que não cometem o "deslize" De obrigar os ricos a pagar crise! Afinal, para que servem os ricos? Assim vai Portugal,: Mal, Um país de doutores; uns estupores!* .................xxxxxxxxxxx.................. (*) Espantos Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo (figas de saint pierre de lá-buraque) Gondomar |
ORÇAMENTO Orçamento, Orçamento, Orçamento; Coisa que não nos sai da cabeça, Que nos entra nos bolsos, Sem que se lhe peça, Para pagar a quem nos andou a desgovernar, Sem que nada lhes aconteça, E ainda têm a desfaçatez, De sacrificar o povo português, Com cinto mais apertado, Mas o povo, O Zé-Ninguém, Que quase já nem cheta tem, Acha que quem manda deve ser sacrificado, Mas não, O orçamento de doutores, Entra-nos, a todo o momento, Pelos bolsos dentro, Se ainda tivermos bolsos, Se ainda andarmos vestidos, E não de tanga, Como dizia quem por Bruxelas anda. É urgente mostrar a quem manda a nossa zanga, A esses doutores, Doutores; uns estupores!* Doutores a gastar, Que não cometem o "deslize" De obrigar os ricos a pagar crise! Afinal, para que servem os ricos? Assim vai Portugal,: Mal, Um país de doutores; uns estupores!* .................xxxxxxxxxxx.................. (*) Espantos Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo (figas de saint pierre de lá-buraque) Gondomar |
Tragam-me palavras
Galatéa de las Esferas, Salvador Dali, 1952
.
.
Tragam-me palavras
Daquelas
Com que se pintam paisagens
Daquelas
Com que se pintam retratos
.
Um pintor precisa de tintas
E telas
Para desenhar
E pintar
Traços nelas
.
Mas para um poeta
Onde encontrar palavras
Com colorações
Para retratar
Os olhos verdes do seu amor?
.
Onde encontrar palavras
A três dimensões
Para distinguir
A ligeireza da profundidade?
.
Que palavras realçam emoções?
Quais as que exalam perfume?
Com quais pintar mares azuis?
.
Tragam-me palavras
Que preciso delas
Urgentemente
Para fazer um poema
Uma obra de arte
Que se destaque
.
Tragam-me palavras
De pintura e escultura diferente
Inacessíveis a qualquer exposição
Incapazes de ficarem dependuradas
Ali
Numa parede
À mercê de qualquer um
.
Tragam-me palavras que fiquem
Somente
Cravadas no peito do meu amor
Guardadas no seu coração
.
Por favor
Tragam-me palavras
. Costa: