Neste tempo a nós chegado.
Eis um tempo, a nós chegado,
Que é deveras inspirador
Para criar letra dum fado
De saudades e de muita dor.
Saudades do muito que se foi,
Tristeza do pouco que se é,
Na alma o muito que nos dói
Para nos mantermos de pé.
Neste tempo de capitalismo
O Homem não é seu Capital,
É apenas um maquinismo
Que o mantem só animal!
Neste tempo, a nós chegado,
O tempo não se admira
De nos ver cantar triste fado
Em vez de dançar um vira!
Neste tempo, a nós chegado,
Chegou o tempo de tudo ter,
Só em tudo ter preocupado,
Sem tempo de ser e viver!
Passou o tempo de dançar o vira;
Tempo em que muito se dançou!
Enquanto se dançava o vira
O mundo e a vida mudou!
Agora,
Neste tempo a nós chegado,
Só se ouve o triste fado
Da maioria sem cheta,
À espera de tempo chegado
Para matar o autor da letra.
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar
Não quero impressionar.
Não quero impressionar,
Apenas desejo lassidão
Na contemplação do Ser;
Do Ser,
Que nasceu para o ser no nosso viver!
Quem disse que se nasce para ter?
Sem estrelas ver,
Sem observar botões a desabrochar,
Sem sentir serenas brisas na face,
Sem contemplar a beleza do mar
Ou beleza que por nós passe?!
Não,
Não quero impressionar,
Apenas desejo lassidão
Na contemplação do luar
E sentir que,
Mesmo parados,
Mudamos de lugar!
Pode ser hoje
Ou tendes muito que fazer?
Se andais sempre a viver a correr
Que tempo sobra para o Ser?
Não,
Não quero impressionar,
Mas, ainda hoje
Reparei numa magnólia branca a desabrochar!
Vou estar atento,
Isso ajuda-me a desabrochar por dentro!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar, 15/01/2011
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