Papoilas,
Que bordejam loiros trigais,
Com suas espigas loiras,
São de pão sinais
E a cor das papoilas
Cor dos cardeais!
Se papoilas bordejam loiros trigais
É para dar ao pão poesia,
Que consta na oração do:
“...pão nosso de cada dia....”
Enquanto adejam ao vento,
Na brisa de calmaria!.
Trigais e papoilas
São sinais de pão,
Que uns comem com o corpo,
Outros com a alma
Mas todos com o coração!
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Autor:
Silvino Taveira M. Figueiredo
Gondomar
Não me fales,
Para quê falar?
Então meu olhar não te diz nada?
Não me chateies,
Basta que para mim olhes,
Porque cada momento
Do teu doce olhar
Vale o dobro do teu falar.
O meu olhar
Expressa meus desejos,
Não precisa de falar,
Só quer que me cubras de beijos,
Com eles não me consegues chatear!
Para quê falar?
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
Morrer com um tiro, é chato.
Com uma facada, dói muito!
Morrer, com um K.O.
É aborrecido e pouco desportivo.
Bater com a cabeça num paralelipídedo
E morrer por causa dum calhau, é mau.
Ainda não se descobriu
Melhor maneira ou modo de morrer
Como o clássico; o dese morrer deitado!
Morrer de pé,
Em batalhas,
Iisso não conta para as estatísticas,
Porque são brincadeiras de canalhas;
Ganha quem mais matar, aos milhões!
Depois, vem as condecorações;
Os vencedores ganham medalhas!
Mas, para morrer,
O melhor continua a ser esperar deitado
Ou deitado!
Não com tiros,
Não com facadas,
Não com K.O,s
Não à pedrada,
......É chato!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o figas de Saint Pierre de Lá Buraque)
Gondomar
Imagem
Bato no vidro
-Sou eu. Deixa-ne entrar.
Não me deixes só estampado na tua face.
Quero-te ver por dentro,
Ver teus armazéns,
Onde guardas imagens
Dos que em ti se refletiram,
Choraram e riram!
-“Não", diz-me o espelho,
Só permito que em mim me vejam,
Nem novo ou velho entram no meu espelho.
Gosto de ver as mudanças
Dos que em mim viram esperanças!
Sou apenas um espelho
Que a jovem ou a velho
Mostra as mudanças por fora,
Não as por dentro!
Sou como um livro;
Ninguém entra dentro dele,
Só o lê,
Em mim a gente só se vê,
Mas,
Ambos podemos causar embaraços:
Podem rasgar-nos
Ou partir em pedaços!”
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Autor deste original e inédito:
Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
O tempo não se agarra!
Ele não podia perder tempo!
Teria castigo se o fizesse,
Porque o tempo que lhe foi dado,
Foi com uma condição:
Que o tivesse guardado na mão
E dele não dar parte a ninguém
Nem a outros prestar a mínima atenção!
Era tão cuidadoso com o seu tempo,
Que esperava que o Sol fosse embora
Para, com o quarto às escuras,
Guardá-lo nos seu bocejos da noite!
Quando acordava
E o dia no quarto entrava,
Ele saía e seu tempo agarrava,
Porém, a outros não dava pitada!
Mas, um dia foi fatal,
Houve um eclipse total!
O seu tempo,
Que julgava bem preso na sua mão,
Tinha sido uma ilusão!
Foi então que outros,
-Que a outros prestam atenção-
De boa vontade
Deram-lhe um novo tempo:
O da Eternidade
Numa cova escura!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
BELAS FLORES
As flores,
No jardim,
Belas,
Deixadas em seu descanso,
Embaladas pela Flora,
Não têm olhos para ver,
Mas humanos olhos,
Abertos,
Olham-nas,
Com espanto do seu encanto,
Como que cada uma fosse uma aurora!
Mas,
Só olhos abertos
Que vêem belas flores
Sentem amores,
Porém,
Há olhos,
Que, embora abertos,
Para as flores ou amores,
Têm-nos fechados,
E para cúmulo da desgraça
Nem cheiro tem!
Olhar,
De olhos abertos,
Para uma bela flor,
É treinar para o amor
E seus afectos,
Mas,
Sempre,
De olhos abertos!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o figas de saint pierre de lá-Buraque)
GONDOMAR
. Costa: