Sábado, 3 de Setembro de 2011
Sou onda vertical,
em mim surfam sentimentos,
ando por oceanos,
afogo mares d'enganos,
espraio-me por praias tropicais,
não sou o que pareço,
bato, furiosamente,
em rochas resistentes,,
entro em grutas de luzes
e sombras, de vários matizes,
onde vivem neptunos felizes!
Muitas vezes,
desfaço-me em horizontes macios,
deixo de ser onda, por mares ondulando
e sou ancoradouro de navios,
versátil, mas nem sempre navegável!
A terra é minoria,
mas maioria de toda a mágoa,
felizmente, sou onda
com 70% d'água,
onde boiam,
surfam destroços d'um navio,
com 30% d'ossos,
que, embora só destroços,
são lastro do meu corpo,
que vogam na crista da onda!
Por vezes,
levanto nas asas duma gaivota,
nas asas duma pomba,
faço a vontade ao vento,
vou pelos pontos cardeais
e colaterais,
desço na maré vaza,
na maré cheia junto-me às demais,
mas, quando fico macia,
de barriga para baixo,
vem muito pescador até mim,
fazem-se cócegas com seus anzóis,
apanham peixes,
do céu, dos sóis apanho raios e feixes,
à noite apanho luares!
Por sois e luas apanhado,
fico sem saber se montar
em gaivotas ou em pombas!
Compreendam,
sou onda...
e faço ondas!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar
Terça-feira, 24 de Maio de 2011
É chato
Morrer com um tiro, é chato.
Com uma facada, dói muito!
Morrer, com um K.O.
É aborrecido e pouco desportivo.
Bater com a cabeça num paralelipídedo
E morrer por causa dum calhau, é mau.
Ainda não se descobriu
Melhor maneira ou modo de morrer
Como o clássico; o dese morrer deitado!
Morrer de pé,
Em batalhas,
Iisso não conta para as estatísticas,
Porque são brincadeiras de canalhas;
Ganha quem mais matar, aos milhões!
Depois, vem as condecorações;
Os vencedores ganham medalhas!
Mas, para morrer,
O melhor continua a ser esperar deitado
Ou deitado!
Não com tiros,
Não com facadas,
Não com K.O,s
Não à pedrada,
......É chato!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o figas de Saint Pierre de Lá Buraque)
Gondomar