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Bato no vidro
-Sou eu. Deixa-ne entrar.
Não me deixes só estampado na tua face.
Quero-te ver por dentro,
Ver teus armazéns,
Onde guardas imagens
Dos que em ti se refletiram,
Choraram e riram!
-“Não", diz-me o espelho,
Só permito que em mim me vejam,
Nem novo ou velho entram no meu espelho.
Gosto de ver as mudanças
Dos que em mim viram esperanças!
Sou apenas um espelho
Que a jovem ou a velho
Mostra as mudanças por fora,
Não as por dentro!
Sou como um livro;
Ninguém entra dentro dele,
Só o lê,
Em mim a gente só se vê,
Mas,
Ambos podemos causar embaraços:
Podem rasgar-nos
Ou partir em pedaços!”
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Autor deste original e inédito:
Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
O tempo não se agarra!
Ele não podia perder tempo!
Teria castigo se o fizesse,
Porque o tempo que lhe foi dado,
Foi com uma condição:
Que o tivesse guardado na mão
E dele não dar parte a ninguém
Nem a outros prestar a mínima atenção!
Era tão cuidadoso com o seu tempo,
Que esperava que o Sol fosse embora
Para, com o quarto às escuras,
Guardá-lo nos seu bocejos da noite!
Quando acordava
E o dia no quarto entrava,
Ele saía e seu tempo agarrava,
Porém, a outros não dava pitada!
Mas, um dia foi fatal,
Houve um eclipse total!
O seu tempo,
Que julgava bem preso na sua mão,
Tinha sido uma ilusão!
Foi então que outros,
-Que a outros prestam atenção-
De boa vontade
Deram-lhe um novo tempo:
O da Eternidade
Numa cova escura!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque)
Gondomar
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